A Anatel começou ontem a bloquear "celulares piratas" no Brasil. No entanto, de acordo com uma reportagem da BBC Brasil, esse tipo de medida pode rapidamente se tornar inútil, já que existe um aparelho capaz de alterar o IMEI de smartphones, fazendo com que os dispositivos bloqueados voltem a funcionar.
"É como pegar [roubar] uma BMW novinha, descobrir uma que deu perda total, colocar o chassi dela e está lá a mesma situação", disse o delegado José Mariano de Araújo, do Departamento de Investigações Criminais da Polícia Civil (Deic), ao site. O que a máquina faz é trocar o IMEI do aparelho por outro, mais antigo, que não esteja bloqueado. Com isso, ele consegue "driblar" o bloqueio.
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Proibidas no estado de São Paulo há três anos, essas máquinas fabricadas na China e na Coreia do Sul ainda podem ser compradas no Paraguai, segundo o Deic, por US$ 350 (cerca de R$ 1.150). Por enquanto, segundo o delegado, só há dois modelos no mundo que não podem ter seus IMEIs modificados por ela: o iPhone X, da Apple, e o Galaxy S8, da Samsung.
Ferramenta do crime
O principal uso da máquina não é, no entanto, contornar o bloqueio de "celulares pirata", mas sim o de celulares roubados. Usando-a, um criminoso pode fazer com que um celular roubado cujo IMEI foi bloqueado volte a funcionar normalmente. Ele pode então revender o aparelho como "semi-novo" ou usá-lo normalmente.
Mesmo os donos de iPhone X e Galaxy S8 estão em risco, já que a máquina consegue receber atualizações via internet. Assim que alguém no mundo conseguir descobrir uma maneira de alterar o IMEI desses aparelhos, todas as máquinas podem ser atualizadas para fazer isso. Naturalmente, portanto, a máquina acaba sendo uma ferramenta que torna o roubo de celulares viável e rentável.
De fato, segundo o Deic, o número de roubos de celular durante o Carnaval cresceu com relação ao ano passado - e naquele ano, 4.127 celulares foram recuperados em ocorrências de receptação. O departamento da Polícia Civil não informou o número de celulares roubados durante o Carnaval de 2018.
Uma solução para esse problema, segundo o delegado, seria que a Anatel começasse a bloquear IMEIs repetidos na rede. Procurada pela BBC Brasil, a agência não esclareceu por que não faz isso. Araújo ainda considera que a agência reguladora deveria permitir apenas o funcionamento de aparelhos homologados - o que, por outro lado, impediria a importação de dispositivos da China.
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