A maior rede social do mundo tem um ambicioso plano de expansão global chamado Internet.org, que quer expandir o acesso à internet – e ao Facebook – em países pobres e áreas remotas. Ela foi forçada a pisar nos freios após um revés na Índia, mas fará o que for preciso para que isso não aconteça de novo em mercados-chave como o Brasil, onde conta com o apoio de usuários e empreendedores, segundo o executivo responsável pela iniciativa, Ime Archibong.
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O Free Basics é a divisão do Internet.org que prevê a universalização do alcance do Facebook e outros serviços considerados “essenciais” (por meio de conexão restrita à rede).
Em países onde já opera o Free Basics, o Facebook permite por meio dele o acesso a sites governamentais, à Wikipédia e outros, como o 1doc3, na Colômbia, que permite aos usuários fazerem perguntas relacionadas a condições médicas a profissionais de saúde de maneira anônima.
A premissa é que a maior parte da população (85%, segundo Mark Zuckerberg) vive em lugares onde há cobertura com tecnologia 2G ou mais avançada de internet móvel. Assim, o problema do acesso não é estrutural ou geográfico, argumenta a companhia, e sim econômico.
Brasil
No Brasil, o Free Basics ainda não tem data de lançamento. O CGI (Comitê Gestor da Internet), órgão não-governamental que é uma espécie de moderador da rede no país, demonstrou cautela e afirmou que pediu maiores esclarecimentos à direção do Facebook sobre o que a companhia fará no país com o Free Basics.
Archibong, que é diretor de parcerias no Facebook, afirma que empresários no Brasil declararam interesse em participar do Internet.org. “No ecossistema de startups, passamos algum tempo no Brasil, na Campus Party, em diversas ocasiões. Ver o apetite dos desenvolvedores pela plataformas do Facebook, do Messenger, e o próprio Free Basics, foi bem entusiasmante.”
“Acho que existe uma energia, e certamente um alinhamento entre as missões [do Facebook e] das startups, que querem conectar o Brasil todo”, disse ele ao Gizmodo Brasil após uma palestra na conferência F8, em San Francisco.
Mas qual o critério de escolha dos parceiros? “É uma plataforma, então qualquer desenvolvedor no Brasil ou no resto do mundo pode ir ao nosso site e enviar sua candidatura. Uma das coisas que anunciamos na terça-feira (12) é um simulador do Free Basics, então os donos de serviços podem prever como o seu serviço poderá ficar na plataforma.”
“É uma plataforma aberta para todos que quiserem fazer parte, então não há muito um trabalho de crivo [do Facebook]. Afinal, desenvolvedores locais entendem muito melhor do que eu sobre o Brasil e seus problemas.”
Archibong diz que o Free Basics – que chega a 37 países um público estimado em 25 milhões, segundo ele — é só uma parte do “esforço cujo foco é claramente conectar todo o mundo [e que está sendo implementado] a todo vapor. Estamos fazendo muitas outras coisas, como o Aquila”, drone para levar conexão a lugares remotos.
Controvérsia
O Free Basics foi parcialmente banido na Índia depois da reação de ativistas pró-liberdade na rede. Isso porque permitir que só alguns sites e produtos on-line fere o princípio da neutralidade de rede – a isonomia no tratamento tanto de usuários quanto dos provedores de serviços.
Segundo Archibong, que é diretor de parcerias no Facebook, o banimento na Índia não foi exatamente uma surpresa. “Sabíamos que um debate estava acontecendo. Eu diria que estávamos envolvidos nesse debate. Uma das coisas que aprendemos foi que o nome do aplicativo Internet.org poderia causar ambiguidade, então mudamos isso.”
Uma das discussões envolve justamente o nome Internet.org, já que o acesso provido pelo Free Basics é restrito a uma estreita gama de serviços. Demi Getschko, diretor do CGI, afirmou em entrevista no ano passado que o nome da iniciativa deveria ser mudada para “Facebook.org”.
“Coisas como essa podem continuar aparecendo ao longo do caminho, e continuaremos a ter a mente aberta para ouvir esse feedback dado por usuários, por governos”, diz. Archibong não comenta “aspectos jurídicos” do Internet.org, no entanto.
Durante o evento F8, a companhia sediada em Menlo Park, também na Califórnia, apresentou outras tecnologias para ampliar a capacidade de conexão tanto em centros urbanos (a companhia está implementando potentes antenas de curto alcance no centro de San Jose) quanto fora deles –entre os quais o drone Aquila.
Foto: Ime Archibong, diretor de parcerias do Facebook, fala durante keynote no F8, a conferência de desenvolvedores da empresa. Crédito: AP Photo/Eric Risberg
Via Gizmodo
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